Neurociências e saúde pública: efeito do semáforo nutricional sobre a escolha e o processamento cerebral de alimentos industrializados
Metadata
Show full item recordAuthor
Krutman Rezende, LauraEditorial
Universidad de Granada
Departamento
Universidad de Granada.; Programa Oficial de Doctorado en Psicología; Universidad Federal FluminenseMateria
Psicología Nutrición Cerebro Alimentación EGG Emociones
Materia UDC
159.9 612.39 612.3 320105 3206
Date
2018Fecha lectura
2017-12-19Referencia bibliográfica
Krutman Rezende, L. Neurociências e saúde pública: efeito do semáforo nutricional sobre a escolha e o processamento cerebral de alimentos industrializados. Granada: Universidad de Granada, 2018. [http://hdl.handle.net/10481/51123]
Sponsorship
Tesis Univ. Granada.; Programa Oficial de Doctorado en PsicologíaAbstract
Aumento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), nas sociedades modernas
industrializadas, está vinculado ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, com
altas quantidades de gorduras, sal e açúcar. Uma estratégia preventiva baseia-se em informar
a presença e as quantidades desses componentes aos consumidores através de rótulos
nutricionais em forma de semáforo. Desta forma, esta tese foi composta por três estudos com
o objetivo de avaliar a efetividade do semáforo nutricional na seleção de alimentos mais
saudáveis e na modulação da reatividade cerebral às imagens de alimentos ultraprocessados,
de modo a fornecer dados teóricos e empíricos que possam embasar as estratégias de combate
às DCNTs por setores da saúde pública. No primeiro estudo, uma ampla amostra de
estudantes universitários classificaram imagens de produtos ultraprocessados, juntamente com
imagens de outras categorias emocionais retiradas de um catálogo internacional, nas
dimensões de valência hedônica e ativação emocional. Essas duas dimensões foram
combinadas e transformadas em um vetor, cuja magnitude indica o impulso apetitivo.
Ademais, os produtos ultraprocessados foram classificados de acordo com o guia técnico de
perfil nutricional do Food Standards Agency (FSA). No segundo estudo, realizamos uma
revisão sistemática para determinar a eficácia dos semáforos nutricionais em promover
avaliações mais acuradas quanto à salubridade e escolhas mais saudáveis de alimento, em
relação a rótulos monocromáticos. Para tal, executamos buscas eletrônicas em três bases de
dados e após a exclusão das duplicatas e dos estudos que não se enquadravam nos critérios de
seleção, 11 estudos foram incluídos nesta revisão. No terceiro estudo, quatorze estudantes
(mulheres) visualizaram passivamente imagens de produtos ultraprocessados precedidos por
círculos vermelhos, amarelos e verdes, sendo estes previamente associados com alto, médio e
baixo risco de desenvolver DCNTs, respectivamente. O potencial positivo tardio (LPP) foi
analisado a partir do registro dos dados eletroencefalográficos, utilizando a técnica de
potenciais relacionados a eventos. Adicionalmente, as participantes preencheram escalas de
sensação de fome e do índice de má qualidade da dieta (IMQD). Os resultados do primeiro
estudo mostraram que as imagens dos produtos ultraprocessados foram classificadas como
altamente agradáveis, evocando fortes impulsos apetitivos. Houve uma correlação positiva
entre o impulso apetitivo e o escore FSA, que reflete a qualidade nutricional dos produtos. No
segundo estudo, apesar das cores do semáforo aumentarem as escolhas mais saudáveis e as
acurácias das avaliações de salubridade em alguns trabalhos, a maioria dos estudos não
verificou diferenças entre rótulos em forma de semáforos e monocromáticos. As lacunas na
literatura identificaram a necessidade de estudos que controlem variáveis, como
características físicas dos rótulos e familiaridade com os mesmos, e estudos que explorem
populações mais diversas. No terceiro estudo, observamos que a amplitude média da LPP para
as imagens de produtos ultraprocessados não diferiu de acordo com as cores do semáforo
nutricional. No entanto, o IMQD se correlacionou positivamente com a amplitude da LPP
para alimentos ultraprocessados precedidos por semáforos verdes. Além disso, participantes
que relataram maior variação de fome apresentaram maior LPP para produtos
ultraprocessados precedidos por semáforos verdes, com efeito marginal para o amarelo. Em
conjunto, os resultados sugerem que produtos ultraprocessados evocam fortes reações
emocionais que estão associadas com altas concentrações de componentes insalubres
possivelmente aditivos, como açúcares, gorduras e sal. Apesar da alta atratividade dos
produtos ultraprocessados, as cores do semáforo nutricional parecem ser capazes de promover
escolhas mais saudáveis de alimento e modular a reatividade emocional frente estes produtos.
O semáforo vermelho parece ter sobrepujado a influência da fome sobre a reatividade
emocional de produtos ultraprocessados, demonstrando a importância da sua implementação. No entanto, o semáforo nutricional pode não ser corretamente interpretado, sendo necessária
uma familiaridade e associação das cores com os riscos à saúde. Além disso, caso o semáforo
verde seja interpretado como um marcador de salubridade, é possível que o mesmo incentive
o consumo de alimentos insalubres, principalmente em indivíduos com pior qualidade da
dieta, uma vez que em muitas culturas a cor verde está associada a permissão para
ir. Portanto, futuros estudos devem investigar possíveis impactos negativos do semáforo
nutricional verde sobre os consumidores, além de analisar o efeito isolado de outras
características deste rótulo (e.g. tamanho e presença de textos descritivos), deste modo,
setores da saúde pública poderão implementar o rótulo nutricional mais apropriado para
combater o avanço das DCNTs. The increase in non-communicable chronic diseases (NCDs) in modern industrialized
societies is linked to increased consumption of ultra-processed foods with high amounts of
fats, salt and sugar. A preventive strategy is based on informing consumers of the presence
and quantities of these components through nutritional labels in the form of traffic-lights.
Thus, this thesis was composed by three studies with the objective of evaluating the
effectiveness of the nutrition traffic-light in the selection of healthier foods, and in the
modulation of cerebral reactivity to images of ultra-processed foods, in order to provide
theoretical and empirical data that could support the strategies for combating NCDs by public
health sectors. In the first study, a large sample of university students classified images of
ultra-processed products, along with images of other emotional categories taken from an
international catalog, in the dimensions of hedonic valence and arousal. These two
dimensions were combined and transformed into a vector whose magnitude indicates the
appetitive drive. In addition, the ultra-processed products were classified according to the
Food Standards Agency (FSA) nutrient profiling system. In the second study, we performed a
systematic review to determine the efficacy of nutrition traffic-lights in promoting more
accurate assessments of healthiness and healthier food choices over monochromatic labels. To
do this, we performed electronic searches in three databases and after excluding duplicates
and studies that did not fit the selection criteria, 11 studies were included in this review. In the
third study, fourteen students (women) passively visualized images of ultra-processed
products preceded by red, yellow and green circles, previously associated with high, medium
and low risk of developing NCDs, respectively. The late positive potential (LPP) was
analyzed from the electroencephalographic data record, using the technique of event related
potentials. Additionally, the participants filled out hunger sensation scales and poor diet
quality index (PDQI). The results of the first study showed that the images of the ultraprocessed
products were classified as highly pleasant, evoking strong appetitive drives. There
was a positive correlation between the appetite drive and the FSA score, which reflects the
nutritional quality of the products. In the second study, although traffic-light colors increased
healthier choices and health accuracy evaluations in some studies, most studies did not find
differences between traffic-light and monochrome labels. The gaps in the literature identified
a need for studies that control variables, such as physical characteristics of labels and
familiarity and for studies that explore more diverse populations. In the third study, we
observed that the mean amplitude of LPP for the images of ultra-processed products did not
differ according to the colours of the nutrition traffic-light. However, the PDQI correlated
positively with the amplitude of LPP for ultra-processed foods preceded by green trafficlights.
In addition, participants who reported greater variation of the sensation of hunger
presented higher LPP for ultra-processed products preceded by green traffic-lights, with
marginal effect to yellow. Taken together, the results suggest that ultra-processed products
evoke strong emotional reactions that are associated with high concentrations of possibly
additive unhealthy components such as sugars, fats and salt. Despite the high attractiveness of
ultra-processed products, the colours of the nutrition traffic-light seem to be able to promote
healthier food choices and to modulate the emotional reactivity towards these products. The
red traffic-light seems to have overcome the influence of hunger on the emotional reactivity
of ultraprocessed products, demonstrating the importance of its implementation. Nonetheless,
the nutrition traffic-light might be incorrectly interpreted, being necessary familiarity and
association of the colours with the risks for health. Furthermore, if the green traffic-light is
interpreted as a salubrious marker, it may encourage the consumption of unhealthy foods,
especially in individuals with poorer diet quality, since in many cultures the green color is associated with permission to go. Therefore, future studies should investigate possible
negative impacts of the green traffic-light on consumers, in addition to analyze the isolated
effect of other characteristics of this label (e.g. size and presence of descriptive texts), thus,
public health sectors could implement the most appropriate nutrition label to combat the
advance of NCDs.