O tráfico sexual (já) não é sexy? Atores, definições do problema e políticas no campo português de combate ao tráfico
Identificadores
URI: http://hdl.handle.net/10481/58857Metadatos
Afficher la notice complèteAuteur
Clemente, MaraEditorial
Universidad de Granada
Materia
Tráfico sexual Mercado del sexo combate al tráfico de personas Sex trafficking Sex market Counter-trafficking
Date
2019-07Referencia bibliográfica
Gazeta de Antropología, 35 (1), artículo 02 (2019) [http://hdl.handle.net/10481/58857]
Résumé
Nas últimas décadas, o combate ao tráfico de pessoas tem-se consolidado gradualmente também em Portugal, através da ação conjunta de organizações governamentais e forças policiais com organizações não governamentais e internacionais. Apesar da falta de evidências, as preocupações envolveram, em primeiro lugar, as mulheres migrantes exploradas no mercado do sexo. No entanto, estas cedo deixaram de estar entre as primeiras preocupações de resgate e o tráfico sexual tornou-se um assunto tabu. O artigo questiona o desaparecimento da exploração sexual da ideia de tráfico, em Portugal. Para tal, analisa a construção do campo do combate ao tráfico no país, utilizando as fer-ramentas analíticas de campo e de encerramento ideológico. O artigo argumenta que, num contexto atravessado por conflitos violentos em torno da venda de sexo, bem como por um alto nível de isomorfismo institucional, o objetivo superior de construir o campo do combate ao tráfico restringiu a ideia de tráfico, da qual o tráfico sexual permanece substancialmente excluído. In recent decades, the fight against human trafficking has gradually been consolidated in Portugal through an alliance of government organizations and police forces with non-governmental and in-ternational organizations. Despite the lack of evidence, the concerns involved, first and foremost, migrant women exploited in the sex market. However, they are no longer among the first rescue concerns and sex trafficking became a taboo subject. The article questions the disappearance of se-xual exploitation from the idea of trafficking in Portugal. For this purpose, it analyzes the construc-tion of the field of counter-trafficking in the country, using the analytical tools of field and ideologi-cal closure. The article argues that in a context of violent conflicts on the sale of sex, as well as a high level of institutional isomorphism, the overarching goal of building the field of counter-trafficking has restricted the idea of trafficking from which sex trafficking remains substantially excluded.