O que é a estratégia? Uma apresentação crítica a partir da escola estratégica portuguesa Horta Fernandes, António Estratégia Guerra Estratégia militar Escola estratégica portuguesa Ética Strategy War Military strategy Portuguese strategic school Ethics Os estudos estratégicos, ou simplesmente a estratégia, na denominação clássica continental, têm sido alvo de um renovado interesse, mormente nos meios académicos. Assiste-se na península ibérica ao emergir de uma escola espanhola, a par da consolidação da escola estratégica portuguesa, a decadência da preponderância exercida pela escola francesa, tendo como contrapartida o reforço das escolas anglo-americanas. O presente artigo procura apresentar uma renovada perspectiva da estratégia, em torno da teoria geral da estratégia, formulada a partir da escola estratégica portuguesa, da qual, no mesmo passo, faz uma sucinta apresentação. Nesse sentido, em primeiro lugar traça-se uma panorâmica das linhas-mestras que pautam a escola estratégica portuguesa, em particular aquelas estabelecidas pelo seu refundador, o general Abel Cabral Couto. Com base nessa leitura, que serve de chave crítica, abordam-se algumas definições de estratégia relevantes, oriundas do meio anglo-saxónico, que manifestam um franco reducionismo, porque assentes na predominância do vector militar, sem razão histórica, ôntica e epistemológica que o justifique. A crítica desse quadro conceptual, vai permitindo apresentar, por contraponto, o quadro conceptual continental que reproduz o melhor que se tem feito no âmbito dos estudos estratégicos em respostas às alterações históricas pós-Segunda Guerra Mundial, as quais obrigaram a desenvolver modalidades de confrontação bélica e de gestão estratégica da violência distintas da militar, mas detendo a mesma legitimidade, em pé de igualdade com o vector militar. Por fim, apresentamos uma proposta sintética do que é a estratégia e qual o seu enquadramento, ainda a partir das reflexões acontecidas na escola estratégica portuguesa. No caso das reflexões acontecidas na escola estratégica portuguesa, são de relevar os avanços produzidos por Francisco Abreu na tentativa de transposição para a rivalidade inter-empresarial da matriz da estratégia; a visão inovadora de António Paulo Duarte acerca do significado de guerra absoluta, implicando uma nova exegese de Clausewitz, que terá sido uma première mondiale, além de uma revalorização do próprio conceito de guerra enquanto génese positiva de novos estados de vida; e ainda a defesa da estratégia como ética do conflito, prudência para além de toda a prudência com o objectivo final de encurralar a guerra, por parte de António Horta Fernandes. Todos estes avanços, entre outros, têm colocado a escola estratégica portuguesa na vanguarda dos estudos estratégicos, pelo menos no que concerne aos fundamentos teóricos do campo disciplinar. The strategic studies, or plainly strategy, as in the classic continental denomination, are being the target of a renowned interest, namely within the academic world. In the Iberian Peninsula, the rise of a Spanish school takes place, side by side with the consolidation of the Portuguese school, the decline of the prominence of the French school, and, as a counterpart, the reinforcement of the anglo- American schools. The present article intends to present a renowned perspective of strategy, around the general theory of strategy, elaborated from the strategic Portuguese school, of which, at the same time, a brief presentation is done. Accordingly, in the first place, an over view of the main lines that rule the strategic Portuguese school is drawn, particularly those established by its re- founder, general Abel Cabral Couto. From there, using it as key review, we approach some of the relevant strategy definitions, issued from the anglo-saxon midst, that display an overt restriction, since they are based on the prominence of the military vector, without historical, ontological, or epistemological reason to justify it. The review of that conceptual frame, will allow to present, by counterpoint, the continental conceptual frame that reproduces what best has been made in the ambit of strategic studies as an answer to the historical changes post-Second World War, that forced the development of warfare and management confrontation modalities other than the militaries but keeping the same legitimacy equal to the military vector. Lastly, we present a synthesis proposition of what is strategy and its frame, still set from the reflections within the Portuguese strategic school. In the case of the reflections that took place in the Portuguese strategic school, are relevant the advances made by Francisco Abreu in the attempt to transpose the strategic matrix into the rivalry between companies; the innovative vision of António Paulo Duarte about the meaning of absolute war, implying a new exegesis of Clausewitz, which would have been a première mondiale, besides a revaluation of the very concept of war as a positive genesis of new states of life; and also the defense of the strategy as an ethic of the conflict, prudence beyond all prudence with the final objective of cornering the war, by António Horta Fernandes. All these advances, among others, have placed the Portuguese strategic school at the forefront of strategic studies, at least as far as the theoretical foundations of the disciplinary field are concerned. 2020-01-20T07:30:24Z 2020-01-20T07:30:24Z 2019-12 journal article António Horta Fernandes, "O que é a estratégia? Uma apresentação crítica a partir da escola estratégica portuguesa”, Revista de Estudios en Seguridad Internacional, Vol. 5, No. 2, (2019), pp. 21-38. [http://dx.doi.org/10.18847/1.10.2] http://hdl.handle.net/10481/58902 http://dx.doi.org/10.18847/1.10.2 por http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/es/ open access Atribución-NoComercial-SinDerivadas 3.0 España Grupo de Estudios en Seguridad Internacional, GESI